quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Pai, não afaste de mim minha infância

Ouvi falar de homens na minha infância... na verdade dois deles sempre me marcaram muito. Ouvir sua mãe desde que se entende por gente falando sobre esses dois homens deve de alguma maneira, mexer de alguma maneira em algo em seu cérebro. É quase que como se deixasse um "trauma" na sua história. Não um trauma, mas uma tendência. Um destes homens tem nome de Francisco Buarque, vulgo Chico Buarque; Chiquinho para os íntimos - pelo menos pra minha mãe, por alguma razão, ele devia ser.


Parecia que era algo sistemático, quase que rotineiro, acordar as 10 horas da manhã - ah, bons tempos que estudar de tarde era a vida... - com um som quase ensurdecedor, pela altura do aparelho, não pelo que se tocava. De alguma maneira que nunca entendi, aquilo sempre me encantou. Mas também nunca entendi tamanho encantamento de mamãe àquele homem a cantar...

Os anos passaram, e outras coisas foram se apresentando à minha frente, e meio que por injustiça fui colocando de lado aquilo que me fora apresentado quando mal sabia o que era música. Outros encantamentos me surgiram: ingleses de Liverpool, guitarras elétricas e sons graves de baixo. E aquilo foi quase que caindo no esquecimento, aquela minha infância a ouvir Francisco.

Mas "trauma" que é trauma, não se esvai tão facilmente assim. Hoje, ao chegar em casa, como que se aquelas imagens de 10 anos atrás voltassem a minha mente numa lembraça que de tão nítida parecia vaga. Abri a porta de casa e estava lá, no som da sala, novamente aquele homem a cantar. Parecia que estava dando um abraço em minha infância, me senti tão íntimo àquele momento, que só pude sentar e ouvir, ouvir, e quando dar por mim, perceber que estava sentado há quase uma hora, não a ouvir Chico Buarque, mas a encontrar minha infância, que aparecia pra me dar um alô.

Sim, não é necessário dizer que passei a tarde inteira a ouvir a minha infancia, importei minha infância pro computador - coisa que não perteceu a minha infância, mas que de bom grado agora lhe é útil - e pude me deleitar nos prazeres de ouvir, naquele compositor/cantor, - que agora, ou de alguma forma, desde sempre, me parece mais um gênio como Einsteins, McCartneys e Lennons - minha infância.

Ir pra Pasárgada? Pode ser, desde que, lá eu possa reviver minha infância como hoje a revivi.

2 comentários:

  1. reviver a infância é muito bom mesmo :)
    e com o gênio compositor como bem disse, melhor ainda né ?

    muito legal ! =D

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  2. Você que inventou a tristeza, ora tenha a fineza de desinventar! Rei, SEM MAIS!

    Obs: Lennons? É, acho que alguém admitiu alguma coisa aqui, não? rs

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